quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Reprodução

O americano Hans Schöler, anuncia em 2003 que conseguiu produzir óvulos de camundongo fora do corpo de uma fêmea. Ele usou células embrionárias, isto é, que ainda não têm função definida e não se transformaram para fazer parte de nenhum órgão no corpo. Cultivadas no tubo de ensaio com uma dieta especial, viraram óvulos, podendo gerar filhotes, se forem fertilizadas por espermatozóides. Se o experimento puder ser feito com células humanas, como prevêem os cientistas, ele impulsionará imensamente as técnicas de fertilização assistida.

O aprimoramento das técnicas de fertilização humana torna possível a superação de muitas dificuldades que impediam a paternidade e a maternidade.
Uma das principais novidades, em 2001, estavam relacionadas ao papel do homem na fecundação. Um novo método permite gerar bebês sem necessidade de espermatozóides. Em vez disso, pode-se utilizar uma célula qualquer do organismo masculino. Para "transformá-la" em célula sexual, é preciso eliminar as cópias extras de genes que toda célula comum possui e deixá-la com uma única cópia para cada gene, como ocorre com o espermatozóide e o óvulo. Depois, basta juntar esse "esperma" artificial com um óvulo para formar um embrião. A experiência é testada em ratos com sucesso pela equipe da médica australiana Orly Lacham-Kaplan. A técnica é muito emelhante à utilizada pelo escocês Ian Wilmut para criar a ovelha Dolly, o primeiro
mamífero a ser clonado. Abre-se, assim, a possibilidade de as células normais, substitutas do espermatozóide, nem precisarem vir de um homem. Talvez possam ser obtidas de outra mulher, o que levaria ao nascimento, pela primeira vez, de filhos sem pai.

Pesquisas anteriores já mostravam que o espermatozóide pode ser trocado por espermatozóides imaturos, chamados espermátides. Extraídos diretamente dos testículos (pois não aparecem em número suficiente na ejaculação), os espermátides se mostraram capazes de gerar um bebê. A primeira experiência bem-sucedida é realizada em Paris, em 1996, por Jacques Testart, do Laboratório de Fertilização e Maturação de Gametas, e por Jan Tesarik, do Hospital Americano.

A técnica de fertilização in vitro é um dos marcos das pesquisas de fertilidade. Nela, os espermatozóides do pai são misturados aos óvulos da mãe num tubo de ensaio. Com a união das células sexuais, surge um ovo que, implantado no útero materno, vira embrião. O primeiro bebê de proveta – como ficaram conhecidas as crianças concebidas dessa forma – nasce em 1978. No início, se a produção de espermatozóides era equena, faziam-se
diversas coletas até chegar à quantidade adequada. Além disso, a aplicação dos hormônios e de outras substâncias estimuladoras da liberação de vários
óvulos, em vez de apenas um, como é usual, aumentava a chance de sucesso.

Em 1992, os médicos descobrem como injetar a célula sexual masculina dentro do óvulo. A partir daí, cerca de 99% dos casos de infertilidade masculina passar a ter solução, com a exceção dos homens que não produzem nenhuma célula sexual madura, até então essencial para a formação de um embrião. O obstáculo é superado com a técnica de manipulação da espermátide.

Problemas reprodutivos – A fecundação natural pode ser impedida por diversos problemas do aparelho reprodutor. As dificuldades masculinas geralmente se resolvem pelo aumento da produção de espermatozóides ou espermátides. São poucos os homens que não produzem nenhum dos dois. As dificuldades femininas são mais diversificadas. Uma delas se refere à ovulação. Muitas mulheres apresentam desequilíbrio na produção de hormônios prolactina e LH, que podem desorganizar o número de óvulos disponíveis: o primeiro atrapalha pelo excesso, o segundo pela carência. Esse tipo de obstáculo pode ser vencido por drogas capazes de restabelecer os níveis hormonais adequados.

Em algumas mulheres, as trompas chegam a ficar obstruídas por várias causas. Se o organismo produz excesso de muco, é necessário limpá-las. A obstrução causada por infecção precisa ser tratada com antibiótico, mas, nesse caso, as trompas podem deformar-se, ficando ou estreitas demais ou com dobras que dificultam seu funcionamento. É necessário, então, recorrer à cirurgia. Para mulheres sem útero, mas produtoras de óvulos, existe a alternativa de uma barriga de aluguel. No entanto, para impedir o comércio nessa área, a lei brasileira só permite que parentes próximas, como uma irmã ou a mãe, emprestem o útero para a gravidez.

Outro problema que afeta tanto homens quanto mulheres decorre de anomalias nos cromossomos que interrompem o desenvolvimento do embrião e levam ao aborto. Esses defeitos atingem, em média, metade das células sexuais do indivíduo. Assim, mesmo uma fecundação artificial correta do ponto de vista técnico poderá não resultar em um parto bem-sucedido. O que se faz é repetir as tentativas para aumentar as chances do casal.

Considerados todos os problemas, é possível explicar por que as técnicas de laboratório ainda não resolvem todos os casos de infertilidade. De acordo com estatísticas disponíveis, a taxa de sucesso da fecundação artificial é de apenas 20% no mundo inteiro. Ela varia um pouco conforme a idade. Constata-se um número maior de casos malsucedidos entre casais de idade mais avançada, mais propensos a anomalias cromossômicas. Entre os jovens, as estatísticas mostram-se mais favoráveis.

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