sábado, 22 de novembro de 2008

Cachorro adota filhote de leão



Em visita à Africa, a jornalista Juliana Bussab flagrou um labrador que adotou uma leoa, rejeitada pela mãe por nascer com um problema nas patas traseiras. E não foi a primeira...
Na província de Limpopo, na África do Sul, em uma das muitas reservas usadas para safáris fotográficos, encontrei uma história de amor que é, no mínimo, curiosa.
Prince, um "labralata", de mais ou menos 6 anos, não é como os outros cães de estimação comuns. Quando ele vem correndo pelas trilhas em sua direção, você logo toma um susto: ao lado dele vem uma leoa, Chuby, dois anos de idade e três vezes maior do que Prince. E os dois saem rolando no chão e brincam de pega-pega como velhos amigos.
Chuby, a leoa, nasceu com um problema congênito nas patas traseiras e por isso foi rejeitada pela mãe. A reserva, que tem um programa de proteção e preservação da espécie, criou a felina em cativeiro. E Prince é a única mãe que ela conhece.

Mas ela não é a única. Ao longo dos anos, Prince adotou diversos leõezinhos, e cuidou de cada um, como cuida sempre, como se fosse seu.
Manso, esperto e amigável, Prince é um cão sem igual. Ainda filhote, os donos da reserva notaram que ele tinha uma afinidade especial com os leões. Desde o primeiro filhote rejeitado pela mãe (e foram muitos), Prince vai junto bancar a babá. E, desde então, vem criando filhotes e mais filhotes felinos.
É ele quem ensina o leãozinho ainda bebê a desenvolver atenção e reconhecer os perigos. Prince também ensina a socialização com os humanos e, por isso, esses órfãos se tornam confiáveis o suficiente para caminhadas com os turistas. Se é amigo do Prince, é amigo deles também.
A idéia é que proporcionando essa interação entre humanos e leões, as pessoas se concientizem da importância do trabalho de proteger a espécie que, acreditem ou não, ainda sofrem com a caça na África do Sul por estrangeiros ricos, que viajam especialmente para isso. Basta pagar uma pequena fortuna por um documento que autoriza a caça dos animais. Eu tive a infelicidade de ver alguns deles e o arsenal de armas que carregavam.
Quando completam por volta de 2 anos, as leoas já tem uma força incontrolável. E quando o instinto do felino que estava adormecido, começa a aparecer, é o cão que as acompanha nas novas empreitadas, apesar de não fazer a menor idéia do que é caçar. Não é a toa que Chuby atacou um javali, e como não sabe matar, começou morder a perna do bicho ainda vivo, achando que era mais um pedaço de carne. Enquanto Prince olhava com desaprovação, o javali correu, mancando, provavelmente pensando: mas que diabos de leoa é essa?
É por causa dessa força e por não obedecer mais aos comandos do cão ou dos tratadores que as caminhadas são suspensas e um outro leãozinho entra em cena. Aquilla um bebê de 2 meses é o mais novo amigo de Prince. Enquanto Prince corre entre os turistas, o filhote desbrava a mata, sobe em troncos e aguça seus instintos. Mas quando se vê sozinho, chora pedindo ajuda e lá vai Prince rápido como uma mãe que vê seu filhote em perigo. Uma bela lambida depois e Aquilla segue o cão, que indica o caminho seguro a seguir.
Com Chuby, as caminhadas são mais emocionantes. Prince corre na frente, a leoa corre atrás, o alcança, o derruba e os dois começam a brincar. Mordidas, tapas, movimentos traiçoeiros e muita agitação. Quando a brincadeira sai do controle e um dos dois reclama de dor, um dos nativos que acompanha a caminhada tenta separá-los com uma vareta, e balbucia em africânes sua sabedoria: "Errado! Errado! Espécies diferentes". Mas parece que nenhum dos dois está ligando muito para isso...

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